sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mais uma nova visível a olho nu em 2013


(Mensageiro Sideral - Folha) Não é por nada, não, mas o Mensageiro Sideral está dando uma sorte danada. Temos hoje a confirmação da segunda nova visível a olho nu em 2013! E esta é exclusividade do hemisfério Sul, localizada na constelação do Centauro.

Descoberta por John Seach, na Austrália, dois dias atrás, ela apareceu com magnitude ao redor de 5, portanto no limite da observação a olho nu. (Se você está num lugar com poluição luminosa, faça uso de binóculos para procurá-la.)

Ela está próxima à Beta Centauro, que por sua vez forma uma linha reta com o braço menor do famosíssimo Cruzeiro do Sul. Não está difícil de achar. “Um pouco à esquerda e acima de Beta Centauro está a Nova Centauri 2013″, diz Gabriel Hickel, astrônomo da Universidade Federal de Itajubá (MG). “Ao que parece, ela está aumentando de brilho ainda e pode chegar a magnitude +4,0.”

Beta Centauro também é conhecida por Agena. A Nova Centauri 2013 está na região marcada pelo quadradinho — e não repare na gloriosa visão da Via Láctea na imagem; no céu é bem menos glamoroso. (Enquanto estiver procurando, aproveite e faça uma visitinha a Alfa Centauro — também chamada Rigel Kentaurus. Trata-se do sistema estelar mais próximo de nós, a 4,3 anos-luz de distância, composto por três estrelas. Em torno de uma delas, Alfa Centauro B, cientistas encontraram um planeta do tamanho da Terra, mas muito quente para abrigar vida.)


O QUE É UMA NOVA?
Bem, a essa altura, já pode ter te ocorrido esta pergunta. O nome parece auto-explicativo, mas na verdade é auto-enganoso. A terminologia vem de uma época em que tudo que os astrônomos sabiam sobre o céu vinha de observações a olho nu. Dessa perspectiva, se uma estrela que antes não se via aparece no céu, faz sentido chamá-la de “nova”.

Foi assim com Tycho Brahe, em 1572, o rei da astronomia a olho nu. Ele estudou uma nova naquele ano e constatou que ela estava mais longe da Terra que a Lua, contrariando a doutrina aristotélica então vigente, segundo a qual os céus eram imutáveis. Mais tarde o sucessor de Tycho, Johannes Kepler, estudaria outra nova, que apareceu nos céus em 1604. Esta era tão brilhante que se manteve visível até mesmo à luz do dia, durante três semanas!

Com o avanço da astronomia, no século 20 ficou definitivamente constatado que as novas são na verdade estrelas que já até morreram de velhas e são momentaneamente trazidas de volta à vida por roubar um pouco de massa de uma vizinha próxima. Ou seja, uma espécie de Frankensteins cósmicos.

Para entendê-las, basta pensar no que será do Sol no futuro. Hoje, ele é uma anã amarela de meia idade, consumindo hidrogênio a todo vapor. Em mais uns bilhões de anos, o combustível vai se esgotar e ele vai se tornar uma gigante vermelha — inchado, mais frio e com uma atmosfera mais tênue.

Depois de algum tempo como gigante vermelha, toda e qualquer reação nuclear será impossível. A atmosfera inchada será soprada para o espaço e o que sobrar, o núcleo, será comprimido violentamente pela gravidade e virará um cadáver estelar conhecido como anã branca.

Pois bem, uma nova acontece em sistemas binários, em que uma das estrelas já virou uma anã branca e a outra é uma estrela normal, dita pelos astrônomos “na sequência principal” (em alguns casos pode até ser um astro já fora da sequência principal, na forma de uma gigante vermelha).

A menor acaba roubando paulatinamente gás da atmosfera inchada da maior. Esse processo acontece por um certo tempo até que o aumento de massa na anã branca gera uma reação explosiva — uma rápida atividade de fusão nuclear que momentaneamente traz a antiga estrela de volta à vida. Seu brilho aumenta agressivamente e ela passa a ser visível, mesmo a grandes distâncias.

É o caso da Nova Centauri 2013, bem mais modesta que as observadas por Tycho e Kepler (hoje reclassificadas como supernovas, eventos bem mais energéticos).

A exemplo da Nova Delphini 2013, observada em agosto, ela deve permanecer no céu por alguns dias, até o brilho se dissipar. Portanto, se você deseja vê-la pessoalmente, não perca tempo.

Procure as estrelas presentes na imagem acima perto do horizonte Sul, entre 2h e o amanhecer (quanto mais tarde, mais para cima no céu elas devem estar, até o Sol chegar, ofuscar seu brilho e acabar com a graça). O Cruzeiro do Sul, facilmente reconhecível, é a melhor referência.
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UPDATE:
Nova entra em erupção na constelação Centauro e pode ser vista a olho nu (Hypescience)
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Explosão em estrela pode ser vista a olho nu durante a madrugada (Apolo11)
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Uma Nova Estrela para o Hemisfério Sul (SAB)
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Bright Nova in Centaurus (Remanzacco Observatory - em inglês)
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Uma nova estrela no céu... ou não! (Fundação Planetário)

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